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VATICANO: “Conclave foi mais intenso do que o filme”, diz cardeal Dom Jaime sobre eleição de Leão XIV

Arcebispo de Porto Alegre contou bastidores da votação do conclave e falou de sua relação com o novo Papa

O Arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, um dos brasileiros a votar e ser votado no conclave que elegeu o papa Leão XIV, retornou nesta segunda-feira ao Brasil. 

Bem humorado, contou nesta terça-feira, 20, na Cúria Metropolitana, em Porto Alegre, sobre a experiência no conclave, sua relação com o pontífice e as expectativas para o novo papado.

Dom Jaime afirmou que o nome escolhido traz uma indicação ao horizonte. “Para nós, Leão não é um nome comum. 

Na Capela Sistina, ele fez uma relação muito forte com Leão XIII, que foi o Papa que sistematizou, por primeiro, a doutrina social da igreja”, diz. 

Ainda afirmou que pode ser relacionado com a revolução tecnológica vivida no mundo. Também, a semelhança com os ideais de Leão Magno, que tinha uma disposição própria em relação aos temas sociais atuais.

“Nesse contexto, com sinais eloquentes de medo presente em amplos setores, ele é chamado ao exercício de ministério petrino na igreja. Eu tenho muita esperança”, diz o cardeal. 

“É um homem, eu diria, muito afável, com uma capacidade de escuta extraordinária. Ele não é uma pessoa de grandes gestos mediáticos. Ele te escuta, e olha no fundo dos olhos”, afirma.

O que mais chamou sua atenção em Roma foi o clima de unidade e fraternidade. Dom Jaime disse que recebeu muitas perguntas sobre as semelhanças com o filme “Conclave”. 

“Foi muito mais intenso do que o filme descreve”, foi sua resposta.

Em sua fala, também lembrou dos últimos momentos do papa Francisco e como foi a viagem para o seu sepultamento e, nove dias depois, a previsão do processo de escolha do novo pontífice. 

Dom Jaime participou da Assembleia Geral dos cardeais em Roma para o processo de conclave, e destacou a oportunidade privilegiada de vivenciar a visão universal da igreja e de ouvir papas de diversas partes do mundo falarem sobre a situação dos seus países.

Ele já teve outras oportunidades de contato com o cardeal norte-americano Robert Prevost, e o conheceu ainda cardeal no castelo dos bispos, também o encontrava em visitas em Roma. 

Ele estaria no Brasil duas semanas depois da Páscoa para a assembleia dos bispos no Brasil. Já tinha até passagem, mas o evento foi cancelado por conta do falecimento do papa Francisco.

Após o conclave, Dom Jaime teve oportunidade de encontrar Leão XIV na última quinta-feira, em uma audiência com o pontífice para tratar da COP30 e do processo sinodal na América Latina. 

E, no domingo, Jaime foi um dos seis cardeais convidados para saudá-lo em nome do continente latino-americano e caribenho na cerimônia de imposição das insígnias, com a entrega do anel e do pálio como bispo de Roma.

Expectativas de ser votado

O cardeal manteve o silêncio sobre seu voto, e afirmou que, durante o conclave, haviam muitos nomes em discussão, além dos três mais esperados previamente. 

Mas que não havia escutado nenhum nome favorito. Apesar de não revelar em quem votou, afirmou que “deu pra quem achava digno diante do ministério". Mas acredita que a escolha de Leão foi certeira.

“Não tenho dúvidas que é um homem extremamente bem preparado. É um homem que tem um uma visão geopolítica e eclesial extraordinária”, afirma, lembrando da sua genética italiana, francesa e espanhola e seu destaque no bacharelado em Matemática e formação eclesial na Itália em Direito.

Questionado sobre o nome que Dom Jaime adotaria caso fosse escolhido, ele, que acredita ser “um belo desconhecido”, e que não seria votado, não revela, mas dá um indicativo. Entre as figuras que admira cada vez que vai a Roma, destaca Paulo VI. Defendeu ser um homem de “capacidade intelectual e que marcou a história na igreja”.

O seu nome, ele acredita, não era esperado, mas reconhecia a responsabilidade de estar na posição de decidir o próximo líder da igreja católica e de, também, ter tido a chance de ser escolhido. Que, diferente de um presidente, que tem começo, meio e fim no seu governo, o Papa tem apenas um começo. “Um homem que escolhe esse serviço não se pertence mais”, declara Dom Jaime.

Fonte: Correio do Povo - Porto Alegre

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