Dados do Ministério da Saúde apontam que os motociclistas representam 60% das internações hospitalares no País, seguidos de pedestres, com 16% dos casos, e ciclistas e condutores de automóveis, totalizando 7%.
No Paraná, segundo levantamento da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), os sinistros envolvendo motocicletas concentram o maior número de internações.
Em 2024, foram 8.007 casos, ou seja uma média de 21 por dia. com investimento de R$ 13,4 milhões.
Em 2025, até o momento, já são 573 internações, totalizando R$ 838 mil em despesas. As faixas etárias mais afetadas são adultos entre 30 e 59 anos, seguidos por jovens de 15 a 29 anos.
Dados do Ministério da Saúde revelam que, em 2024, foram registradas 227.656 internações hospitalares por causa de acidentes de trânsito no Brasil, o que equivale a uma vítima recebendo atendimento de emergência a cada dois minutos.
De acordo com o relatório, as hospitalizações por acidentes de trânsito cresceram em 44% entre 2015 e 2024 – 157.602 registros em 2015 para 227.656 em 2024.
Em 2024, foram registrados 5.066 acidentes envolvendo motociclistas condutores, com 24 mortes no local do acidente – 88 deles estavam sem capacete. Neste ano, já foram 14 óbitos.
A enfermeira Giselle Henke, responsável pelo setor de ortopedia e de queimados do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie, destaca que, em média, de 60% a 70% dos 40 leitos da ala são ocupados por vítimas de acidentes com motos.
“Os acidentes com motocicletas têm causado uma grande preocupação, eles têm aumentado e geram lesões graves e mortes. Vamos reforçar a educação e a prevenção. É preciso que todos respeitem as normas do trânsito, os limites de velocidade. Um trânsito seguro é feito por todos”, afirma superintendente de Trânsito de Curitiba, Bruno Pessutti.
Ele enfatiza que é fundamental que os motociclistas respeitem os limites de velocidade, evitem utilizar o celular durante os trajetos, e, principalmente, redobrem a atenção quando trafegarem nos corredores, entre os veículos.
A diretora da Escola Pública de Trânsito ABC, Melissa Puertas Sampaio, lembra que muitos dos motociclistas trabalham em serviços de entrega em casa.
“O trabalho desses condutores é extremamente importante para a comunidade, mas é importante que preservem suas vidas, porque sempre tem alguém esperando que eles voltem para a casa.
O fundamental é trabalhar com segurança e respeitar os limites de velocidade, a sinalização e as leis de trânsito”, disse Melissa.
Motociclistas são quase metade das vítimas de acidentes em Curitiba
Desde o início do Programa Vida no Trânsito (PVT), em 2011, Curitiba registrou a significativa queda de 54% no número de mortes causadas por acidentes nas ruas da cidade.
Em 2011, foram 310 mortes em acidentes, enquanto em 2024 foram 141.
Em 2024, eles foram quase metade das vítimas em acidentes fatais de trânsito de Curitiba, de acordo com dados preliminares do Programa Vida no Trânsito (PVT), coordenado pela Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde e outros órgãos públicos.
Apesar dos avanços, alcançados com a divulgação de campanhas educativas, fiscalização e melhoria em infraestrutura viária, o número de mortos e feridos ainda é alarmante e causa impacto direto no sistema de saúde.
Segundo o coordenador médico do complexo regulador de urgência de Curitiba, Anthony Augusto Carmona, embora não existam dados específicos sobre a média de leitos ocupados por vítimas de acidentes de trânsito na cidade, essas ocorrências representam uma parcela considerável das internações hospitalares.
“No Hospital Universitário Cajuru, referência no atendimento a traumas e vítimas de acidentes de trânsito, correspondem a cerca de 12% da demanda do pronto socorro”, explicou.
Urgência (Samu) ou Serviço de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) são internadas diariamente devido a acidentes de trânsito em Curitiba.
Esse número expressivo evidencia a sobrecarga que essas ocorrências podem impor ao sistema de saúde local.
Alta ocupação de leitos por vítimas de acidentes de trânsito impacta diretamente o atendimento de outras condições médicas.
“Hospitais e UPAs de Curitiba têm enfrentado dias de tensão devido à lotação, o que pode comprometer o atendimento a pacientes com outras urgências, como infartos, acidentes vasculares cerebrais e complicações de cirurgias eletivas”, disse.
Comportamento errado de condutores de veículos são principal causa de óbitos
Os dados de 2024 estão sendo estudados pelo Comitê de Análises do PVT, mas preliminarmente foi possível concluir que, no ano passado, 32,3% dos acidentes com mortes em Curitiba foram causados diretamente pelo comportamento errado dos condutores.
Entre eles, dirigir sobre o uso de substâncias como o álcool, desrespeitar a sinalização, converter ou cruzar sem dar preferência, transitar em áreas proibidas, distração no telefone, distância inadequada entre veículos e falta de direção defensiva.
De 44 acidentes analisados, foram constatadas 48 mortes. A maioria eram motociclistas (20), seguidos por pedestres (14), condutores de automóveis (12) e bicicletas (2).
De acordo com o Superintendente de Trânsito da Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito, Bruno Pessuti, nenhuma morte causada por acidente de trânsito deve ser encarada com normalidade.
“Nós saímos de 310 mortes por ano para 141 mortes. O número parece ser muito bom do ponto de vista porcentual, porém ainda são 141 pessoas que morrem por ano na cidade de Curitiba em decorrência de acidentes de trânsito e isso não é normal.
Nenhum óbito no trânsito pode ser considerado normal, até mesmo porque o plano diretor da cidade prevê morte zero.
Alguns países nórdicos já atingiram esse índice e temos que nos esforçar para também conseguir”, ressaltou.
Bruno explica que é necessário que motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres cumpram a sinalização e a legislação de trânsito à risca. Na Superintendência de Trânsito, há todo um estudo e ações que visam reduzir o número de feridos e mortos no trânsito.
Dados
Excesso de velocidade
Quase 45% das infrações registradas na capital neste ano, de 1 de janeiro a 14 de abril, tiveram como motivo o desrespeito aos limites de velocidade. Foram 182.508 autuações do total de 407.755 aplicadas no período.
No ano passado, o mesmo panorama foi observado. Segundo dados da Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito (SMDT), em 2024 foram contabilizadas 1.652.305 infrações de trânsito no município.
A maioria – 714.425 (43,24%) – por excesso de velocidade.
A diretora da Escola Pública de Trânsito de Curitiba, Melissa Puertas Sampaio, ressalta que o excesso de velocidade é um dos principais fatores que causam acidentes de trânsito, aumentando a probabilidade e a gravidade dos ferimentos e até mesmo levando à morte.
“É fundamental respeitar os limites de velocidade para garantir a segurança de todos os usuários da via, incluindo motoristas, passageiros e pedestres. Respeite as pessoas e faça um trânsito mais humanizado”, destacou Sampaio.
Os motoristas que excedem o limite de velocidade colocam em risco os pedestres e outros motoristas. Dez quilômetros acima da velocidade permitida faz toda a diferença numa reação para evitar que um acidente ocorra
Fonte: Bem Paraná