Ele nasceu em uma família de judeus no Império Russo, anos antes da revolução comunista tomar conta do país.
Na década de 1920, ele morava em Berlim e usava suas habilidades artísticas para ajudar judeus que escapavam da União Soviética.
Conhecido como o "Rei das Falsificações" por sua capacidade de reproduzir notas e documentos com perfeição, Salomon Smolianoff levava uma vida de luxo na capital alemã.
No entanto, sua sorte mudou no ano de 1936, quando foi preso na cidade pelo inspetor Herzog.
Como muitos judeus da época, Sorowitsch foi enviado para o campo de concentração de Mauthausen.
Suas habilidades artísticas o salvaram. Em 1941, ele foi identificado como pintor e obrigado a retratar oficiais nazistas como "trabalho extra" no campo.
Isso fez com que ele sobrevivesse por cinco anos em Mauthausen e abriu caminho para o que viria a ser o maior esquema de falsificação da história.
Operação Bernhard
Em 1944, Sorowitsch foi transferido para o campo de Sachsenhausen, onde reencontrou o inspetor Herzog, que agora chefiava um comando secreto.
Foi ali que ele foi convocado para liderar a Operação Bernhard, um plano de falsificação criado para financiar a Alemanha na Segunda Guerra Mundial.
O objetivo era imprimir mais de 130 milhões de libras esterlinas e dólares falsos, para desestabilizar as economias dos dois países e encher os cofres alemães.
Salomon liderou 142 falsificadores presos, que incluía pintores profissionais, guardas de banco e peritos.
A atividade garantia privilégios dentro do campo e os transformava em "ídolos" entre os demais prisioneiros.
O desaparecimento pós-guerra e o recomeço no Brasil
Com o fim da guerra e o colapso do regime nazista, Salomon Smolianoff foi libertado do campo de Ebensee em 6 de maio de 1945.
Dois anos depoi, ele se casou com Charlotte Cacilie, uma judia alemã também sobrevivente do Holocausto, e viveram juntos como refugiados na Itália
Em 1949 o casal se mudou para Montevidéu, Uruguai, onde Smolianoff se naturalizou e voltou a atuar como pintor. Ele também alterou legalmente para "Sali Smolianoff Sporoschinskaja".
No entanto, ele passou a ser hostilizado pela comunidade judaica de lá quando sua participação na Operação Bernhard se tornou conhecida.
Por causa disso, Smolianoff e sua esposa decidiram acompanhar uma família amiga e se mudaram para Porto Alegre, Brasil.
Na capital gaúcha, ele atuou como artista, fazendo pinturas de paisagens e cenas do cotidiano, colorização de fotografias e até fundou uma pequena fábrica de brinquedos.
Ele foi mentor da artista plástica Magaly Amaral da Costa e, mesmo já idoso, aceitou dar entrevistas sobre boatos de dinheiro falso com sua assinatura na América do Sul. Na verdade, as notas eram obras de um outro falsário.
Smolianoff morreu em Porto Alegre em 14 de novembro de 1976, perto de completar 80 anos.
Essa história é retratada no filme "Os Falsários", disponível na BP Select.
O drama dirigido por Stefan Ruzowitzky venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2008.
A produção se baseia no livro The Devil's Workshop, escrito por Adolf Burger, um tipógrafo judeu preso por falsificar certificados de batismo e recrutado para a Operação Bernhard.
Fonte: brasilparalelo.com.br