Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
Os
partidos de oposição decidiram nesta terça-feira entrar com uma
representação na Procuradoria-Geral da República contra a presidente
Dilma Rousseff e o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho
Silva (PT). A oposição acusa Dilma e Edinho de praticar crime de
extorsão contra o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia. O
empresário, réu na Operação Lava Jato, fechou um acordo de delação
premiada e disse aos investigadores que doou 7,5 milhões de reais
desviados da Petrobras à campanha à reeleição da petista em 2014 por
pressão de Edinho.
Apesar da
ofensiva contra o governo federal junto ao Ministério Público, os
oposicionistas, que reuniram suas principais lideranças na manhã desta
terça, não chegaram, mais uma, vez a um acordo sobre um eventual pedido
de impeachment da presidente.
Conforme revelou
VEJA, o dono da UTC Engenharia afirmou em depoimento aos investigadores
que usou dinheiro do petrolão para bancar despesas de dezoito
políticos, entre eles os senadores Fernando Collor (PTB-AL), Edison
Lobão (PMDB-MA) e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e que
repassou dinheiro desviado da Petrobras para as campanhas do
ex-presidente Lula, em 2006, e da presidente Dilma, no ano passado.
No caso da
campanha de Dilma, os recursos foram entregues depois de uma abordagem
de Edinho Silva, então tesoureiro da campanha presidencial, que insinuou
que a UTC poderia perder contratos com a Petrobras se não ajudasse na
arrecadação eleitoral, segundo relato do empreiteiro. Edinho nega e
afirma que a delação “não expressa a verdade dos fatos”. Dilma rechaçou o
depoimento e disse que “não respeita delator”.
“Há ali,
explicitado por ele, uma clara chantagem. Ou ele aumentava as doações ao
Partido dos Trabalhadores e à campanha da presidente da República ou
ele não continuava com suas obras na Petrobras”, disse o presidente do
PSDB, senador Aécio Neves (MG), candidato derrotado nas eleições
presidenciais de 2014.
Pedaladas
Em outra frente de atuação contra o
governo, os partidos de oposição também anunciaram que vão recorrer ao
Tribunal de Contas da União (TCU) com a acusação de que as chamadas
pedaladas fiscais ocorreram também em 2015. As chamadas “pedaladas”
fazem parte da estratégia do governo de segurar pagamentos devidos a
bancos públicos com o intuito de registrar gastos menores.
Com isso, o
governo conseguia melhorar artificialmente suas contas para engordar a
meta de superávit primário – que é a economia feita para o pagamento dos
juros da dívida pública. A operação, no entanto, é considerada
irregular, pois fere a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Atualmente,
o TCU já analisa o uso das pedaladas em 2014. No último dia 16, por
unanimidade, a Corte decidiu abrir prazo de trinta dias para que a
presidente Dilma explique a manobra e as diversas irregularidades
encontradas pelo órgão de controle nas contas do governo referentes ao
ano passado.
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