"Não houve convite para nenhuma autoridade chinesa vir. Isso não há", disse o chanceler ao se explicar sobre intromissão de Janja em reunião com Xi Jinping na China
Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira (foto) desmentiu o presidente Lula ao se explicar, durante audiência no Senado, sobre a intromissão de Janja em reunião com o presidente Xi Jinping.
Na tentativa de proteger a primeira-dama, o chanceler negou que o governo brasileiro tenha convidado alguma autoridade chinesa para ajudar na regulação de redes sociais no Brasil.
Eu queria dizer que eu estava presente [à reunião com Xi Jinping], e foi uma menção que o presidente Lula fez e que ele só, inclusive, pediu o auxílio, uma hora, à primeira-dama.
O fato específico… Foi dito o seguinte: que não é possível que se deixe que em plataformas digitais… que haja divulgação de temas de pornografia, de pedofilia e dos famosos desafios que correm nas redes digitais e que levaram à morte uma criança de 8 anos há pouco tempo em Brasília, por um desafio com desodorante que levou à morte uma criança de 8 anos”, comentou.
E a autoridade chinesa?
Na sequência, Vieira defendeu que “tem que haver alguns tipo de controle”, acrescentando que “foi nesse sentido, única e exclusivamente, que se mencionou a questão na China”.
“E não há de forma alguma nenhum programa de visita de especialistas para tratar do que quer que seja”, garantiu o chanceler.
É o contrário do que disse Lula na tentativa de defender Janja. “Eu perguntei ao companheiro Xi Jinping se era possível ele enviar para o Brasil uma pessoa da confiança dele para a gente discutir a questão digital, e sobretudo do TikTok”, comentou o petista.
Lula ainda acrescentou: “Então, para mim foi uma coisa simplesmente normal e ele [Xi] vai mandar uma pessoa. Isso que importa.
Ele vai mandar uma pessoa especialmente para conversar conosco sobre o que a gente pode fazer nesse mundo digital”.
Questionado pelo senador Sergio Moro (União-PR) diretamente sobre o convite a uma autoridade chinesa, Vieira negou pela segunda vez o que tinha dito o presidente brasileiro.
“Não houve convite para nenhuma autoridade chinesa vir. Isso não há. Então, esse ponto é muito simples de responder”, disse o chanceler.
Janja
A primeira-dama aproveitou um evento do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania na segunda-feira, 19, para defender sua intromissão na reunião com Xi.
“Não há protocolo que me faça calar se eu tiver uma oportunidade de falar sobre isso.
Com qualquer pessoa, que seja do maior grau ao menor grau, do mais alto nível, a qualquer cidadão comum.
Então, eu quero dizer que a minha voz, vocês podem ter certeza que vai ser usada para isso.
E foi para isso que ela foi usada na semana passada, quando eu me dirigi ao presidente Xi Jinping após a fala do meu marido sobre uma rede social“, disse Janja, para os aplausos da plateia.