Prefeitura de Laranjeiras do Sul

Campos Neto enfim reage à “narrativa política infundada” do PT

"Qualquer decisão hoje do fiscal também cai na polarização política, na disputa entre ricos e pobres", criticou o ex-presidente do Banco Central

Roberto Campos Neto (foto) deu sua primeira entrevista após deixar o comando do Banco Central, e rebateu, enfim, o que chamou de “narrativa política infundada” de seus críticos petistas.

Questionado sobre o fato de que o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, insistem em atribuir a ele as altas na taxa básica de juros, o indicado por Jair Bolsonaro, que comandou o Banco Central até 31 de dezembro de 2024, disse o seguinte à Folha de S.Paulo:

“A história mostrou que é uma narrativa política infundada. Acho triste que se priorize a construção de uma narrativa em vez de se procurar uma solução estrutural para o problema. 

Empobrece o debate. Estive com Galípolo agora na Suíça. Voltei no avião com ele.”

“Nenhum reparo a fazer”

Ao falar sobre a condução do Banco Central por Gabriel Galípolo, indicado por Lula, Campos Neto disse que não tem “nenhum reparo a fazer”.

“Eles têm atuado de forma técnica, comunicado com transparência. Está fazendo um trabalho irretocável. Só que o problema não está no lado monetário, está no lado fiscal. 

O BC é um pouco passageiro desse momento fiscal, onde tem uma incerteza, uma guerra de narrativas. Inseriu-se um elemento político dentro do debate fiscal, que eu acho que está muito forte hoje”, comentou.

Segundo Campos Neto, “qualquer decisão hoje do fiscal também cai na polarização política, na disputa entre ricos e pobres”.

“A esquerda teve várias ideias boas em relação a programas no passado. 

A direita também teve várias ideias boas. Agora, existe uma falta de credibilidade em relação à ancoragem fiscal. 

Para melhorar a expectativa do fiscal não é somente o que se vai fazer, mas também o que se comunica. 

A perspectiva da convergência através do canal de credibilidade é o mais importante”, acrescentou.

Justiça tributária?

O ex-presidente do Banco Central, que foi contratado pelo Nubank, também rebateu o discurso de “justiça tributária” de Haddad, usado para justificar o aumento de impostos.

“O que estamos fazendo não é equalização e sim aumento de carga, e não temos como aumentar mais. Diminuir isenção tributária, eu concordo. 

Eliminar isenção em títulos de renda fixa, concordo, desde que se abaixe do resto, para equalizar. 

Aumentar imposto em dividendo e reduzir Imposto de Renda da Pessoa Jurídica também vejo com bons olhos. 

Eliminar vantagem tributária em investimentos de longo prazo não é positivo, porque o funding, a liquidez de longo prazo, é importante para projetos estruturantes”, disse.

Campos Neto também criticou a forma como os petistas abordam a questão do aumento das alíquotas do IOF:

“Não é verdade que seja um imposto para os ricos. Essa [narrativa] não resiste a uma conta simples do aumento no custo para uma operação de crédito pequena. 

Impacta toda a cadeia e encarece e distorce o processo produtivo. Eu, particularmente, acho o IOF um imposto muito ruim. 

Agora, tem algumas outras coisas que não fazem mais sentido. Por exemplo, eu gostaria de ter uma isonomia entre os títulos. Tem LCI, LCA. Por que tem uns que são isentos e outros não?”

“Gerar divisão na sociedade é muito ruim”

O ex-presidente do BC disse ainda que “gerar divisão na sociedade é muito ruim”.

“Temos que gerar construção. Saiu um estudo recente dizendo que o Brasil é o maior país na América Latina que teve mais milionários que foram morar em outro país. 

Tem empresa fazendo listagem em Bolsa fora. Empresas que estão fechando o capital no Brasil, abrindo o capital fora. 

Em vez de reclamar que o empresário foi morar fora, temos que dizer: ‘Vem cá, como faço para manter manter você aqui dentro?’. 

Precisamos reverter isso e passar uma mensagem para as pessoas de que o empresário é importante.”

Campos Neto também negou interesse em atuar na política, ao ser questionado sobre a possibilidade de atuar como ministro da Fazenda de uma possível Presidência do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), especulado para disputar o Palácio do Planalto em 2026:

“Eu? Acabei de entrar no Nubank. Nos últimos dois anos, falaram que eu ia fazer todo tipo de coisa, ser senador, governador, ministro, morar fora, que não me preocupava com o Brasil —o que, aliás, não é verdade. Sempre disse a mesma coisa. 

Minha área de interesse é finanças e tecnologia. Tarcísio tem dito repetidamente que vai ser candidato a governador. 

Só para a gente encerrar essa especulação, porque vou para o mundo privado. A resposta já está dada.”

Fonte: O Antagonista


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