
Detalhes da cirurgia e perspectivas de recuperação
A cirurgia foi conduzida pelo cirurgião Cláudio Birolini, que destacou a complexidade do procedimento devido às múltiplas intervenções abdominais anteriores. Foram encontradas aderências intestinais que causavam a obstrução, além de uma parede abdominal bastante danificada.
O cardiologista Leandro Echenique, que acompanha o ex-presidente, afirmou que as próximas 48 horas são críticas, com riscos de infecções e trombose. A recuperação envolverá cuidados específicos, incluindo nutrição parenteral e fisioterapia, e não há previsão para a saída da UTI.
Implicações políticas e agenda futura
Apesar das limitações físicas, Bolsonaro continua ativo politicamente. Antes da cirurgia, ele estava em uma turnê pelo Nordeste para promover sua agenda conservadora e pressionar o Congresso pela aprovação de um projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Mesmo inelegível até 2030, o ex-presidente mantém influência significativa no cenário político brasileiro.
Saúde de Bolsonaro sob vigilância
A saúde de Jair Bolsonaro continua sendo um ponto focal no cenário político brasileiro. A complexidade da cirurgia e a recuperação delicada reforçam a necessidade de acompanhamento contínuo. Paralelamente, sua atuação política permanece ativa, influenciando debates e decisões no país.
Troca de médico revela bastidores da saúde de Bolsonaro
A escolha de um novo cirurgião, Cláudio Birolini, do Hospital das Clínicas de São Paulo, para realizar a intervenção abdominal no domingo surpreendeu até aliados próximos, já que o responsável por ao menos cinco procedimentos anteriores de Bolsonaro era o renomado médico Antonio Macedo, de São Paulo.
A cirurgia aconteceu no Hospital DF Star, conhecido por atender a alta cúpula do poder em Brasília. O motivo oficial foi um quadro de aderência intestinal crônica, decorrente da facada sofrida por Bolsonaro durante a campanha de 2018. Mas a real razão por trás da mudança de equipe médica tem mais a ver com política do que com medicina.
Michelle e Flávio tomam as rédeas
A troca de médico foi articulada pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente. Fontes próximas à família revelam que a decisão teria sido motivada por uma crise de confiança com Antonio Macedo, principalmente após a morte da ex-deputada Amália Barros (PL-MT), em 2024. Amália, muito próxima do clã Bolsonaro, não resistiu a uma série de cirurgias pancreáticas realizadas por Macedo.
Desde então, Michelle passou a questionar a atuação do médico, embora sem romper oficialmente com ele. O episódio com Amália gerou desconforto e alimentou receios de que Bolsonaro pudesse enfrentar riscos semelhantes em um novo procedimento.
Gilson Machado foi o primeiro a agir
Na madrugada de sexta-feira (11), o ex-ministro do Turismo e músico bolsonarista Gilson Machado — que também é veterinário — foi o primeiro a atender Bolsonaro, que sentia fortes dores abdominais durante uma agenda política no Rio Grande do Norte.
Gilson acionou o doutor Macedo, que prescreveu medicamentos e se colocou à disposição para voar até Natal para realizar a cirurgia, se necessário. Mesmo com o gesto de lealdade, a decisão já havia sido tomada: a operação ocorreria em Brasília, com Cláudio Birolini.
O que mudou com Birolini?

Cláudio Birolini é professor titular da USP e uma das maiores autoridades em cirurgias de parede abdominal e hérnias. Seu nome inspira confiança técnica, mas sua entrada em cena marca um novo capítulo no cerco familiar e político ao entorno médico de Bolsonaro.
O ex-presidente, que já passou por intervenções em São Paulo, agora centraliza seu tratamento na capital federal — o que pode indicar não apenas uma questão de logística, mas também de controle político mais rígido sobre seu entorno hospitalar.
Reações e implicações políticas
A substituição de Macedo por Birolini é mais do que uma escolha médica: é um gesto de poder. Michelle e Flávio assumem protagonismo cada vez maior nas decisões sobre o corpo — e o futuro — de Bolsonaro.
A pergunta que ecoa nos bastidores é: quem manda hoje no bolsonarismo? A cirurgia em Brasília pode simbolizar uma tentativa de reorganização interna do clã, onde nem todos os antigos aliados têm mais vez.
Sobre a troca de médicos de Bolsonaro
Por que Bolsonaro trocou de médico?
Segundo fontes próximas do ex-presidente, a decisão foi motivada por desconfianças sobre o médico Antonio Macedo após a morte da aliada Amália Barros. Michelle e Flávio Bolsonaro optaram por outro profissional.
Quem é Cláudio Birolini?
Cirurgião experiente da USP, Birolini é diretor do Serviço de Cirurgia Geral Eletiva do Hospital das Clínicas de São Paulo e especialista em cirurgias abdominais complexas.
O que aconteceu com Antonio Macedo?
Embora continue como médico de confiança do ex-presidente, Macedo foi preterido nesta cirurgia por decisão da família Bolsonaro, após um histórico recente que levantou dúvidas.
Bolsonaro está bem de saúde?
Segundo boletim médico, o ex-presidente apresenta quadro estável após o procedimento, mas continua sob monitoramento. Ele já passou por pelo menos seis cirurgias desde 2018.
Saúde e poder andam juntos no bolsonarismo
O estado de saúde de Jair Bolsonaro sempre foi uma questão de interesse público — e de disputa política. A nova cirurgia, realizada sob outra batuta médica, mostra que as decisões sobre seu corpo estão cada vez mais centralizadas em Michelle e Flávio Bolsonaro.
Mais do que um procedimento clínico, a troca de médico expõe as tensões internas do bolsonarismo e levanta dúvidas sobre os rumos da extrema-direita em 2026. O que está em jogo, afinal, não é apenas a saúde de Bolsonaro, mas a liderança de um movimento político que ainda pulsa.