Nas redes sociais, rolam esta montagem, que reflete o desejo de 10 de cada 10 irados inimigos de Dilma e Lula. Dilma Rousseff foi advertida por empreiteiro de que investigações da
Lava-Jato poderiam resvalar nos pagamentos secretos das campanhas eleitorais do
PT. A prisão do marqueteiro João Santana revela que a ameaça não era blefe e
que recursos desviados da Petrobras — “os acarajés” — podem ter financiado a
eleição presidencial.
As informações saíram na edição deste final de semana da revista Veja, em reportagem de capa assinada por Daniel Pereira.
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No começo de 2015, Dilma Rousseff recebeu, no Palácio do
Planalto, o petista Fernando Pimentel. Ela acabara de conquistar a reeleição.
Ele, o governo de Minas Gerais. Amigos e confidentes há mais de quarenta anos,
os dois tinham motivos para comemorar, mas trataram de um assunto espinhoso,
capaz de tisnar os resultados obtidos por ambos nas urnas. Pimentel trazia um
recado de Emílio Odebrecht, dono da maior empreiteira do país, para a
presidente da República. O empresário a advertia do risco de que os pagamentos
feitos pela Odebrecht ao marqueteiro João Santana, no exterior, fossem
descobertos caso a Operação Lava-Jato atingisse a construtora. Emílio exigia
blindagem, principalmente para evitar a prisão do filho Marcelo Odebrecht, sob
pena de revelar às autoridades detalhes do esquema ilegal de financiamento da
campanha à reeleição. Diante da ameaça de retaliação, Dilma cobrou explicações
de seus assessores. Deu-se, então, o ritual de negação encenado com frequência
em seu governo. Como no caso da economia, cujo desmantelo foi rechaçado durante
meses a fio, os auxiliares disseram que a petista havia conquistado o segundo
mandato com dinheiro limpo e declarado. Tudo dentro da lei. A "faxineira
ética", portanto, não teria com o que se preocupar.
Esse discurso se manteve de pé até a semana passada,
quando o juiz Sergio Moro, responsável pela Lava-Jato na primeira instância,
determinou a prisão de João Santana, o criador dos figurinos de exaltação à
honestidade da presidente, e da esposa dele, Monica Moura. O casal recebeu numa
conta na Suíça, não declarada à Receita brasileira, 3 milhões de dólares da
Odebrecht, acusada formalmente de participar do cartel que assaltou os cofres
da Petrobras, e 4,5 milhões de dólares de Zwi Skornicki, um dos operadores do
petrolão, o maior esquema de corrupção da história do país. Os detalhes da
investigação sobre o marqueteiro foram revelados por VEJA em janeiro passado. A
decisão de Moro confirmou as tenebrosas transações descritas por Pimentel a
mando de Emílio Odebrecht e fez recrudescer a discussão política e jurídica
sobre a cassação da presidente. Pela letra fria da lei, utilizar-se de dinheiro
sujo em campanha eleitoral é fator determinante para a perda do mandato.